Manter um growth mindset ajudou-me a ultrapassar o medo.

Sempre considerei esquiar um ato antinatural, em parte devido ao meu medo das alturas, e ao respeito que tenho pelas forças da gravidade.
A longa subida de uma montanha num teleférico sempre me pareceu ser um ataque de ansiedade prolongado, seguido por um deslizamento mal controlado para baixo, em velocidades que nenhum ser humano deveria se mover sem ter um pára-quedas.
Odeio ter coisas nos pés que me fazem andar mais rápido do que uma caminhada.
Na semana passada ninguém ficou mais surpreso do que eu quando, me fiz à estrada, numa viagem de esqui, com um grupo de amigos e familiares, a caminho de esquiar de verdade, eu que nem sabia para onde ia ou onde iria ficar.
Quando Albert Einstein, um dos maiores pensadores de todos os tempos, disse: “Não se deve perseguir objetivos que são facilmente alcançados. É preciso desenvolver um instinto para o que mal se pode alcançar, com os maiores esforços”, ele poderia muito bem estar a falar sobre mim (modésta à parte ;-), debatendo-me internamente ‘mas porque é que eu me meti nisto?’, ou a falar de qualquer ser humano tentando transformar o seu pensamento, para um mindset de “crescimento”; foi o que eu fiz, pensei: ‘é bom desafios, vai te fazer crescer Marisa!’.
Confesso que o truque foi esticar as minhas competências o suficiente para que o único “terreno sólido” sobre o qual me senti segura, fosse a minha força interior, e manter a crença de que é possível aprender esta coisa nova e louca!
De facto activar a minha mente de “crescimento”, estar aberta a aprender, foi testada em tempo real, quando saltei para o desconforto de fazer algo desconhecido com o apoio de outras pessoas.
Os meus amigos super esquiadores, marido e filho, tornaram-se o meu grupo de apoio, que me lembrou de abordar coisas que sei que não serei boa da mesma forma que uma criança faz, mas com uma mente aberta, sem me estar a julgar a mim mesma, e simplesmente tentar usufruir de puro divertimento.
Eles lembraram-me disso com imensa paciência, boa vontade e encorajamento, e também simplesmente pelo facto de estarem comigo.
Embora o esqui nunca tenha me agradado, aqueles dias na encosta de uma montanha foram mais do que apenas lutar contra a ansiedade e os músculos doloridos.
Ficou claro para mim que mesmo quando não seja naturalmente atraída por uma atividade, e não tenha talento para isso, ainda é possível aprendê-la. E que o que se aprende ao enfrentar um medo é também transferível para outros desafios.
É disso que trata a constante descoberta sobre manter uma mente de “crescimento” (a growth mindset).
Quando estamos profundamente envolvidos num desafio às nossas competências, enfrentando a incerteza, e focando-nos nelas, para que nos movem em direção a um objetivo desejado, em vez, de focar-nos num resultado predeterminado, algo muda na forma como pensamos e também na forma como sentimos as nossas emoções, e isto é, algo que podemos continuar a praticar tanto a nível pessoal, como a nível profissional, enquanto estivermos vivos!
Então, o que começou por ser uma semana emocionante, mas também assustadora, acabou sendo cheia de diversão, risadas, dor (perguntem aos meus músculos ;-)), e muita prática de como manter uma mente aberta a aprender e a crescer, o que foi determinante para me ajudar a ultrapassar o meu medo!
Em resumo:
* O medo de facto também é superado com o desenvolvimento de competências, ainda mais quando o risco é real.
* Sentir medo pode ser o caminho para encontrar novos “músculos” psicológicos, que nos obrigam a estar ainda mais sob escuta, atentos e a lidar com a incerteza.
* Abandonar a tentativa de controlar aquilo que nao está no nosso controlo, menos o controlo sobre as nossas próprias escolhas é fundamental. Independentemente do ambiente, e de todos os fatores externos que não podemos controlar, quanto mais competências desenvolvemos, mais escolhas temos.
* Temos mais sucesso quando não pensamos em nada, além do momento presente. O nosso foco deve ser apenas responder a cada momento no que se depara no nosso caminho, e ajustando à medida conforme as condições vão mudando. Ou seja, ao tentarmos adivinhar ou julgar de uma forma consciente o que vai acontecer, leva-nos imediatamente a uma queda. Ou a uma falha. Portanto, é desnecessário dizer que sempre há muitas quedas, falhas e fracassos, porque a maioria de nós tem muito mais prática em julgar, prever e fazer autocrítica, do que permitir que um momento se desenrole, estando apenas no momento presente.
Mudar a nossa mente para manter um mindset de crescimento é a chave fundamental, para permanecer com algo novo e desafiador por tempo suficiente, e desenvolver um conjunto de competências, que nos podem levar a alcançar objetivos que nunca imaginámos alcançar, e por caminhos totalmente desconhecidos.
E se pensarmos o que é a nossa vida, a nossa carreira, o nosso negócio.... nada mais... do que caminhos desconhecidos.
O melhor é mesmo continuar a manter sempre uma mente aberta a aprender e a crescer!
Marisa Lago de Carvalho
Founder Mind Bridges, Coach and Mentor
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